Nos últimos anos, o comércio eletrônico tornou-se uma alternativa indispensável para milhões de brasileiros, oferecendo acesso a produtos variados e preços competitivos.
Contudo, mudanças recentes na política tributária podem colocar em risco essa prática, especialmente no segmento de importação, um dos mais populares entre os consumidores.
Com as novas alíquotas de impostos previstas para 2025, especialistas apontam que o custo das compras online pode se tornar inviável para muitos. Entenda como essas mudanças afetam o bolso do consumidor e o futuro do e-commerce no Brasil.
Mudanças na tributação e impacto nas compras online
Elevação do ICMS e outros tributos
Em decisão recente, os estados brasileiros aprovaram o aumento da alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 17% para até 20%, a partir de abril de 2025. Essa medida se soma ao já existente imposto de importação de 20% para produtos de até US$ 50, elevando significativamente os custos de itens adquiridos no exterior.
Com essas alterações, o peso dos tributos sobre produtos importados pode chegar a 50% do valor total, incluindo preço do item, frete e impostos.
Exemplo prático do impacto tributário
Para ilustrar o impacto, considere a compra de um produto que custa R$ 100, com frete de R$ 20:
- Valor base: R$ 120 (produto + frete).
- Imposto de Importação (20%): R$ 24.
- ICMS (20%): R$ 36 (calculado sobre o valor base + imposto de importação).
- Valor final: R$ 180.
Neste cenário, o consumidor pagaria 50% a mais pelo produto, tornando-o menos acessível.
Justificativas do governo e reações do mercado
Os governos estaduais justificam o aumento com a necessidade de fortalecer o comércio local e equilibrar a concorrência entre produtos nacionais e importados. Além disso, a medida busca compensar perdas de arrecadação e proteger empregos no Brasil.
Críticas do setor privado e consumidores
Apesar das justificativas, a medida recebeu fortes críticas:
- Plataformas como Shein e AliExpress alertam que o aumento de impostos penaliza desproporcionalmente consumidores de baixa renda, que constituem a maior parte de sua base no Brasil.
- Consumidores destacam que os novos custos dificultam o acesso a produtos que, muitas vezes, não possuem substitutos no mercado nacional.
- Empresas de logística, como os Correios, também sentem o impacto: uma medida similar em 2024 resultou em queda de 40% nas remessas internacionais e perda de R$ 1 bilhão na receita anual.
Os desafios do comércio eletrônico no Brasil
Dificuldade de adaptação das empresas
Plataformas de e-commerce enfrentam um dilema: absorver parte dos custos tributários para manter a competitividade ou repassar integralmente os valores aos consumidores. Ambas as opções apresentam riscos significativos para a sustentabilidade do negócio no Brasil.
Mudança no comportamento do consumidor
Com o aumento de custos, espera-se que muitos brasileiros reduzam ou até cessem compras internacionais, preferindo alternativas locais, mesmo que com menor diversidade ou qualidade. Esse cenário pode limitar o acesso a produtos inovadores e especializados, além de impactar o mercado global.
Como o consumidor pode se adaptar?
Enquanto o cenário tributário não muda, os consumidores podem adotar algumas estratégias para mitigar os impactos:
- Planejamento financeiro: Pesquisar previamente o custo total das compras, incluindo impostos, para evitar surpresas.
- Aproveitamento de promoções: Buscar períodos de descontos em plataformas internacionais para compensar os custos adicionais.
- Diversificação de fornecedores: Explorar opções nacionais que possam oferecer produtos similares a preços competitivos.
Conclusão: O futuro das compras online no Brasil
O aumento dos impostos representa um desafio significativo para o comércio eletrônico e os consumidores brasileiros. Embora as medidas sejam justificadas pelo governo como uma forma de equilibrar a arrecadação e proteger o mercado nacional, os impactos podem ser severos, limitando o acesso a produtos importados e reduzindo a competitividade do Brasil no cenário global.
Se você é um consumidor frequente de plataformas como Shein e AliExpress, é essencial ficar atento às mudanças e ajustar seus hábitos de compra para enfrentar os novos desafios.